segunda-feira



É a tremedeira que dá quando você fala com ele pela primeira vez, desde o momento da corajosa iniciativa até o fim do dia. As palavras que vem em um fluxo interminável, se misturam aos devaneios, sonhos e saem como se fosse a primeira vez a falar. É o inédito e maravilhosamente estranho frio na barriga causado pela fascinação de vê-lo frente a frente, olhos nos olhos. E aquela história ridícula que vem a mente!? Pura desculpa para falar com ele, descobrir o nome dele... E se ele der o número de celular!? Ai, ai... ai é só alegria. Você passa horas com o número discado e tomando aquela passada coragem para simplesmente apertar aquele pequeno botão verde, mas antes fantasia, ensaia, treina o que vai falar. HAHAHAHAHA. Chega uma hora em que você para e percebe o que faz, dá gargalhadas de si, vendo o quão besta o amor deixa uma pessoa.

domingo

Lembranças de uma sonhadora II


Olhando um álbum de fotografias revia cenas de hoje, de ontem, de antigamente...
De repente passou pela minha frente
Uma imagem incoerente...
Entre recortes e retratos, estava lá uma bicicleta enorme... imensa
E sobre ela... um pingo de gente!
- Essa era eu!
Ampliei a foto, mas ela ficou difusa e eu, meio confusa, não distinguia a minha expressão.
Tive de fazer um ajuste óptico. Tudo ótimo! Achei-me na foto!
Sozinha, ria da bela menininha que eu via
Sorriso franco, sapato branco...
Pensei na ambiguidade daquele momento
Um sorriso: simplicidade; outro sorriso: sutileza
Quantos sorrisos e todos meus
Que complexidade! Eu mesma me fazia rir?
Uma imagem monólogo? Um monólogo visual?
Minha cabeça começou a girar, e meu pensamento
Sofreu um leve arredondamento
Parece redundância ou exageração, mas, para piorar a situação...
Olhei e lá no fundo do retrato...
Um gato... Meu gato de estimação!
Como ele estava longe... de mim... na foto... nas minhas memórias...
Um gato pequeninhindo lá no fundo... Memórias em profundidade...
Depois dessa lembrança, outras apareceram aleatoriamente e em profusão
Com espontaneidade, as formas criaram uma sequência louca, uma sobre a outra
O pé de lata, uma boca lambuzada que delata... a faixa de miss universo esconde o coração no verso, imagem opaca, as inocentes bolhas de sabão grudadas em espiral, tranparência sensorial, o pão de casa, vaga-lumes, praça iluminada e as marcas de pés pequeninhos e sujos na calçada, o grito...
Não era para pisar aí, menina!
O ruído visual assustou minha retina e acabou fragmentando meu pensamento...
Assim... como vieram, as imagens foram se distorcendo, minimizando e, com superficialidade, abandonaram-me como se não fossem minhas...
A clareza do objeto que via agora não deixara dúvidas de que eram fotos de um álbum.
Sob a transprência física do papel de seda, voltei a pensar com extrema coerência e guardei aquele objeto na caixa e guardei a caixa na última prateleira que fica dentro do armário da despensa e fui embora.
Mas, antes de sair dali, espiei pata trás e olhei para frente... e, de repente, na minha frente, vi uma imagem surpreendente...
Que estranha obra de arte compunha aquele espaço da minha vida!

O nome das coisas e as coisas do nome

Não parece esquisito
Dar ao nome de um nome
o nome título!?
Título de uma tela, de uma música,
de um capítulo.
Aconteceu na primavera
Sonhos de uma noite de verão...
Viver, crescer, morrer,
Dia após dia
Renascer
A cada dia que é finito.
Renascer
Seria o título
bem dito!
Bendito
O título
Da arte do artista.
Mas, como se intitula um estilo
Do primeiro ao último traço
Relembrando no seu nome seu mundo
Tempo e espaço?
A face da infância,
a cor da juventude,
Os gestos da maturidade,
O mistério do segundo ato...
as letras festejadas da palavra FIM.
Título, palavra-imagem, substrato.
Abaporu, O beijo, O juízo final,
O grito...
Você já viu esse título?
Não importa...
O título é uma porta...
Porta, parte do ciclo?
E a vida de cada um é uma
obra sem título?
Era um sujeito indeterminado. Quem? Alguém.

Adorava molhar a grama de casa. Era um momento muito... pessoal, fazia-a pensar na vida, nos planos para o futuro, no hoje. Divertia-se pensando que ao menos aquelas folhas verdes estavam felizes e agradecidas pela sua existência, eram as únicas que tinham paciência para escutar seus sonhos, sua voz quando começava a cantar, eram as únicas que lhe faziam companhia por horas...
Nos dias de chuva sentia-se triste por não poder fazer companhia as suas amigas verdes.
Além de tudo adorava comparar-se a elas, aquelas pequenas briófitas que dependiam de alguém para quase tudo. Assim como aquela grama, ela também sentia a necessidade de que alguém a "molhasse", cantasse, deitasse, pulasse com ela de vez em quando, para que assim suas forças voltassem, mas parece que ninguém percebia. Precisava de alguém para ser seu sol, ela não consegue produzir amor sozinha, precisava de alguém para aquecê-la...

sábado

sim, hoje fingirei que está tudo certo, que está tudo bem. receberei bem as pessoas, sorrirei para todos, deixarei você ir, esquecerei minhas dores, meus amores. viverei o presente, pararei de pensar no futuro, de viver do passado. correrei pelas ruas, acreditarei que você me ama, que quer estar ao meu lado. atenderei seus pedidos. sentirei vontade de viver, de lhe abraçar, de sentir o teu coração, de apertar a sua mão... sim, estará tudo bem.

quarta-feira

Lembranças de uma sonhadora



Sabia que devia prestar atenção, mas não conseguia, os pensamentos, os devaneios eram mais fortes que sua força de vontade.
Olhava para todos os cantos, todos os lados, pensava como pode existir tantas pessoas iguais, sem personalidade, seres fúteis. Pensava também como se deixou e se deixa estar rodeada por essas... "velas que não queimam e não aquecem o que/quem está por perto".
Enquanto os pensamentos fluíam, cantarolava... não lembrava ao certo a música, sabia que falava sobre contos urbanos que rolavam por São Francisco, artistas fracassados e outras sobre o amor estar próximo. Será que ele realmente estava? Ai, ai... já estava cansada dessa vida de amores platônicos, queria mesmo era limpar a mente, nem que fosse por um dia, esquecer os problemas, a vida, tudo... seria satisfatório.
Escutava ao longe algo sobre a perestroika, mortes por envenenamento. Será que é esse seu destino!? Viver envenenada pelo amor e morrer ao descobrir que cada um deles é impossível!? Pensava seriamente em realizar um "perestroika amorosa" em sua vida, esquecer o que os outros pensariam e ir em busca daquele amor desconhecido que a consumia todas as segundas. Como seria bom viver aquele amor imaginário das 18:30hs.
De repente vinham a mente os amigos, seria ótimo tê-los agora, abraça-los e viver momentos felizes.
A vida tem sido tão dura... sentia o próprio Stalin dentro de seu coração, ordenando e comandando: "Se apaixone por esse, por aquele", não queria que a sua existência fosse uma mera "combinação simples", onde tudo era igual, não importava a ordem, queria mesmo é que ela fosse um "arranjo", onde poderia-se pelo menos viver coisas diferentes, momentos diferentes, com as mesmas pessoas especiais. Assim pensava... e lá se ia mais uma aula perdida nas lembranças de uma sonhadora.

segunda-feira

Feliz dia das Crianças


Feliz dia das Crianças, você que me faz rir, que sem dizer uma palavra me faz pensar, pensar, repensar, que me faz lembrar que existem pessoas especiais, você que me proporciona momentos felizes. Sei que não somos mais crianças, mas você é uma das poucas que me faz lembrar que vale a pena amar alguém como uma criança, amor puro, sem interesse, de todo coração. Feliz dia das crianças, que nossa amizade seja sempre assim: como o coração de uma criança, pequeno- mas que consegue amar o mundo, puro - não guarda magoas, pulsante - que bate, vibra ao máximo em momentos felizes. Feliz dia das crianças.

domingo



Milhares de palavras que quero te falar, músicas que quero te mostrar, milhares de perguntas, passos, abraços que não tenho coragem de dar, apenas queria estar ao seu lado. São tantos olhares, esbarros, desculpas para lhe ver ou ficar perto de você. Sei que você sente algo, sei que me olhas pelo canto do olho, que quando estou perto falas mais alto como quem quer chamar atenção, mas... é quase proibido né!? Então, porque você não dá apenas um sinal? Já cansei de lhe esperar até mais tarde, de chegar mais cedo para lhe ver, de maquinar mil e uma artimanhas para chegar perto e sentir o seu cheiro. Porque você apenas não vem e fica aqui de mãos dadas comigo? Quantas noites mais precisarei perder pensando em você para que tudo isso se concretize? Apenas quero que você me abrace.

quinta-feira

Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história

Carlos Drummond de Andrade